30 de agosto de 2014

Eu quero é ser poesia!


Eu não sou poeta. Não sou nada além de um punhado de teorias embaralhadas numa cabeça confusa. Os lábios não ousam dizer o que meus terminais nervosos teimam sentir, os dedos são lentos demais para transmitir as frases que se formam cada vez mais rápidas, a história se perde antes do início. Me pergunto quantos personagens matei quando virei as costas ao sentir e reneguei as constelações que eclodiam no peito. Pedaços meus que se perderam nas ruas estreitas do centro.

E existe essa ânsia que nunca adormece, esse desejo crescente e curioso de descobrir o que acontece depois do ponto final. Penso muito no amanhã, apesar de fugir de retóricas futurísticas. O futuro me parece uma música antiga, por mais contraditório que soe, uma música que escutamos anos atrás e já esquecemos a letra, e então ela volta numa festa qualquer, num rádio qualquer, um domingo qualquer, até recordarmos cada tom. Tenho medo não ter do que lembrar até o refrão.

A verdade é que sou uma farsa, dito verdades mas é certo que nada sei. O que há do lado de fora me atrai porque fujo de mim o tempo todo. Teus olhos são doces mas o mundo é vil, você olha o mundo e se torna amargo. A contradição está por todos os lados e não é possível transbordar nada, senão o silêncio. Eu não sou poeta e nem queria ser, não sou nada além de um punhado de incoerências capazes de formarem frases tão insanas quanto velozes. Os dedos se perderam mais uma vez, e lá se foi mais um raciocínio.

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