29 de agosto de 2014

Fix me

Tem sido tão fácil chorar. Lágrima, um pedaço que desfalece e desliza pelas pálpebras como quem se atira em um abismo. É como ter o que tanto precisa, e ainda assim não ser suficiente. É a frase da música de Coldplay que soa na cabeça "Stuck in reverse". É a solidão que, dorme com os pés entrelaçados aos meus como quem protege alguém que não cabe no mundo lá fora. E não caibo. Não há encaixe. Me desfaço entre detalhes. A lágrima que se escondeu nos cílios, os lábios trêmulos que engolem declarações, tudo me toma surpreendentemente, como se as partes que não me cabem na verdade estivessem dentro de mim, num ponto tão profundo que não pudesse ser descoberto.

Também sou desprezo, o mundo mora em grande parte do meu peito, o renego e guardo só para quem não teme os fantasmas, porque sou meus próprios demônios. E há em mim tantas coisas tristes e doídas, tantos sonhos que desaparecem na impossibilidade. Tanto. Sou excesso. Para cada coisa bonita que ouço, há infinitas tristezas que desdenham cada palavra, então me perco naquilo que foi. Estou perdida e ninguém vê. Cada passo é um a menos para o indefinito, tudo o que me acrescenta, também é tirado no outro extremo. O arfar é um a menos na contagem. Cada lágrima, um suicídio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário